Por décadas, as bancas de jornal foram um ponto de encontro entre a informação e o cotidiano urbano. Localizadas em esquinas movimentadas, praças e pontos estratégicos, elas distribuíram cultura impressa em forma de revistas, jornais, álbuns e quadrinhos. Mas com a chegada da internet e da informação instantânea, essas estruturas emblemáticas viram sua relevância e renda despencar. E agora? Agora elas estão mudando.
Bancas que resistem ao tempo e à tecnologia vêm se adaptando ao novo perfil de consumo do brasileiro. A venda de revistas e jornais continua, ainda que em menor escala, mas o foco está mudando: muitos jornaleiros estão transformando suas bancas em minimercearias, pontos de conveniência e até lojas de serviços digitais, apostando em novos produtos e experiências para atrair clientes.
O novo mix das bancas
O que antes era dominado por pilhas de papel impresso, agora divide espaço com prateleiras de refrigerantes, salgadinhos, balas, biscoitos e chocolates. Produtos de consumo rápido e recorrente estão ajudando a manter o fluxo de caixa dessas bancas, muitas vezes frequentadas por pedestres e motoristas em trânsito.
Além dos lanches, há um crescimento na oferta de carregadores de celular, capas, fones de ouvido e acessórios eletrônicos. Com a alta demanda por itens de tecnologia, as bancas aproveitam sua localização privilegiada para atender consumidores que precisam de soluções rápidas.
Outro setor que cresce é o de chips e recargas de celular. As bancas têm se tornado parceiras de operadoras de telefonia, oferecendo chips pré-pagos, recargas instantâneas e até mesmo planos mensais. Isso amplia o ticket médio e atrai um público diversificado, inclusive turistas ou pessoas sem acesso bancário.
Ponto de serviços e utilidades: bancas multifuncionais
O futuro das bancas físicas passa também pela prestação de serviços úteis no dia a dia. Em muitas cidades, elas já atuam como pontos de impressão, digitalização e até pagamentos de contas. Em algumas regiões, é possível pagar boletos, recarregar cartões de transporte público e até enviar correspondências.
Algumas bancas também estão integrais a serviços de entrega rápida e fazem parte de redes como Mercado Livre, Shopee e Amazon para recebimento e retirada de pacotes. Com isso, ganham comissão e aumentam a circulação de pessoas em seus arredores.
A nostalgia do papel ainda vende, mas o digital se impõe
A venda de revistas ainda acontece, especialmente de títulos de nicho e colecionáveis. Quadrinhos, revistas de decoração, moda e culinária continuam atraindo público fiel. Porém, o volume não é mais o mesmo. Para compensar, algumas bancas estão vendendo assinaturas digitais de revistas por meio de aplicativos ou se tornando parceiras de plataformas de leitura online.
Com isso, as bancas passam a funcionar também como divulgadoras da mídia digital, ajudando a transição do impresso para o virtual — e ainda faturam com comissões ou parcerias.
Quem diversifica, sobrevive
A diversificação é o caminho para a sobrevivência das bancas. O tradicional bancário que conhecia cada cliente pelo nome agora se torna um microempresário multitarefa, vendendo desde cartões postais a adesivos personalizados. Bancas estão se tornando espaços híbridos entre o físico e o digital.
Essa reinvenção também envolve repaginar a estrutura: luzes LED, novos displays, letreiros modernos e vitrines que destacam os novos produtos. Em alguns casos, bancas se transformaram em cafeterias com livros, outros em pequenos espaços de coworking urbano.
Menos papel, mais experiências
A tendência aponta para bancas que ofereçam experiências rápidas, úteis e urbanas. Em um mundo onde a informação está em nossos bolsos, as bancas precisam oferecer algo que o digital ainda não oferece: conveniência física, calor humano e solução imediata para necessidades do dia a dia.
É possível imaginar, nos próximos anos, bancas atuando como pontos de Wi-Fi público, vending machines automatizadas ou até espaços de realidade aumentada, com interatividade e campanhas de marcas.
A chave está na integração com o ambiente urbano moderno, entendendo que a função da banca não morreu — ela apenas mudou de formato.